O modelo 70:20:10 de aprendizagem

Estratégia na promoção do aprendizado corporativo.

A busca de organizações e lideranças por experiências de aprendizagem mais eficazes é pauta de diferentes estudos e métodos pelo mundo. Entre tantas possibilidades de alinhamento teórico e prático de aprendizado, como treinamentos, seminários, videoconferências, vivências, dinâmicas, educação formal, voluntariado, mentoria, coaching, o conceito 70:20:10 formulado nos EUA entre as décadas de 1980 e 1990, destaca-se pela objetividade de aplicação de uma lógica que organiza a dedicação do indivíduo às possibilidades de aprendizagem de acordo com a eficácia de cada experiência.

A sua proposta estrutura o processo geral de aprendizagem a partir da dedicação de porcentagens de tempo e atenção das pessoas às distintas possibilidades, definidas a partir de resultados de estudos de sua capacidade de retenção de conhecimento por experiência. Em suma, a ideia do método 70:20:10 aplicada à realidade organizacional, significa que:

• 70% no Trabalho: do aprendizado ocorre com a prática do trabalho (on-the-job learning), através do cotidiano do profissional, seus desafios na organização, as decisões que são tomadas, as metas a cumprir, sua rotina, seus acertos, falhas, a resolução de problemas e no cumprimento de suas responsabilidades.
• 20% com pessoas: é adquirido com a convivência com outras pessoas ou exemplos observados, o que ocorre tanto no ambiente de trabalho, com os relacionamentos profissionais, interações e as troca de conhecimento com colegas, feedbacks recebidos; bem como a identificação e observação de profissionais que são modelos e inspiração; além de outras convivências fora do ambiente de trabalho e que também levam ao autoconhecimento e autodesenvolvimento, incluindo o coaching.
• 10% modo formal: diz respeito ao aprendizado formal, que ocorre em salas de aulas, por livros, congressos, workshops, treinamentos, certificações, entre outros.

O modelo 70:20:10 é uma proposta de estratégia que depende da integração dos três contextos para funcionar: ambiente de trabalho, experiência social e educação formal. Naturalmente, as práticas precisam estar alinhadas com os objetivos e estratégias das empresas para que forneça os resultados esperados pela organização e as porcentagens podem ser adaptadas à realidade de cada área ou necessidade. Empresas como HP, Coca-Cola, Natura, PwC, Vale e Walmart já adotam a metodologia. Entre os benefícios da aplicação do método estão a motivação do time, a capacitação contínua, o aprender fazendo, o gerenciamento de mudanças, ganho em soluções criativas e inovadoras, aumento da produtividade, desenvolvimento de lideranças.

Além de facilitar a aprendizagem, o método favorece a maximização dos processos em cenários de otimização do tempo e investimento de recursos disponíveis, tanto da organização como do próprio indivíduo, através do seu gerenciamento pessoal de dedicação de tempo. Para que o profissional se engaje com o modelo, a empresa precisa criar um campo fértil de possibilidades para impulsionar os profissionais e também de prazer, de satisfação, estimulando a mescla das diferentes abordagens.

O andragogo Caio Beck, fundador da Andragogia Brasil, exemplifica uma forma de aplicação do método, tomando como base um profissional que trabalha 40 horas semanais:

→ 4 horas da semana seriam destinadas a alguma leitura, participação de treinamentos, palestras, entre outros;

→ 8 horas seriam voltadas a aprendizados com gerentes, mentores e quaisquer outros modelos de profissionais, cujos quais, são exemplos de liderança e gestão de pessoas;

→ 28 horas seriam destinadas a atividades rotineiras, que despertariam a aprendizagem oriunda das experiências vividas (natural learning) e/ou por meio da aprendizagem proveniente do trabalho prático e real (action learning).

Existem várias ferramentas e técnicas úteis para a aplicação do 70:20:10 em uma organização. Destaco o Job Shadowing (observação próxima de outras pessoas), Role Modeling (observação de pessoas que servem como modelos), Blended Learning (aprendizagem multifacetada e mesclada), Storytelling (criação e análise de histórias organizacionais), Aprendizagem Rizomática (informal), Coaching e Mentoring, entre outras.

A origem da metodologia é difusa e decorrente da evolução de diferentes estudos científicos. Entre os principais referenciais teóricos do 70:20:10 estão os professores Morgan McCall, Robert Eichinger e Michael Lombardo, do Center for Creative Leadership, dos EUA e Allen Tough da Universidade de Toronto, no Canadá. Atualmente uma das principais autoridades mundiais no conceito é Charles Jennings, co-fundador do 70:20:10 Institute. Neste vídeo ele explica brevemente o método:

O professor Wagner T. Cassimiro, administrador, mestre em RH e especialista em educação corporativa, aprendizagem e desenvolvimento de competências, do canal Espresso 3, produziu esta interessante série sobre o método 70-20-10:

Origens do modelo 70:20:10

Práticas do modelo 70:20:10

O Modelo 70/20/10 em um ambiente desafiador (série Vale)

O sobe e desce das práticas do Modelo 70:20:10 durante a Covid-19