Novas causas, novos meios e o mesmo princípio.

O envolvimento de lideranças com o trabalho voluntário é notável e pode fazer ainda mais diferença neste momento de pandemia. O voluntariado corporativo já era incentivado em empresas de todos os portes, tanto para ajudar a quem precisa como para aprimorar lideranças ou desenvolver o marketing social das marcas. Fato é que a necessidade de manter o distanciamento social mudou severamente o mercado e os ambientes organizacionais, o que pode ter prejudicado diversas formas de trabalho voluntário e surgir outras necessidades e modos de supri-las. Para quem acredita nessa experiência transformadora, o importante mesmo é continuar ajudando e manter o exercício do voluntariado, ainda que de forma adaptada.  

O ato de se dedicar a uma causa alheia sem obter retorno material em troca é capaz de transformar a percepção do “eu” em relação ao próximo e ao mundo. Mais além, a sua capacidade de mobilizar, agregar e manter outros voluntários em torno da causa, é um esforço prático de várias habilidades e valores da liderança, como a empatia, transparência, persuasão, bem como a capacidade de inspirar e engajar outras pessoas que, a princípio, não possuem qualquer obrigação de colaboração com o propósito que lhes é apresentado. Nessa hora, se desenha um abismo entre o verdadeiro líder e o “chefe”. Ninguém será convencido a se dedicar com ameaças, gritos, pressão, coação, mas as pessoas seguirão o bom líder a partir da clareza de sua exposição sobre a causa, o seu exemplo prático, da sua gestão organizada, dos resultados, da capacidade. Exercitar a liderança fora do ambiente convencional de trabalho é um desafio de evolução da consciência social do indivíduo, de autoconhecimento e amadurecimento do seu perfil de liderança ao mesmo tempo em que gera oportunidade de realização através do altruísmo, contribuindo com missões nobres ou pessoas que se encontram em dificuldade.

Neste momento de pandemia existem muitas dúvidas sobre o que e como fazer o trabalho voluntário. O artigo “Boas práticas para um gestor de voluntariado agora”, de Bruno Barcelos, especialista em sustentabilidade, investimento social privado e voluntariado, ao blog Voluntariado Empresarial, as dificuldades físicas não podem ser empecilhos para o voluntariado corporativo, mas sim impulso para que as adaptações necessárias das lideranças ocorram e mantenham o comprometimento com causas e pessoas que precisam de apoio neste momento delicado: “Junte o engajamento de seus colaboradores + as plataformas digitais e + o voluntariado online, e já possui ‘a faca e o queijo’ nas mãos para circular ações sociais nesse momento de tantas necessidades. Diante disso, como se organizar para a partir de então estruturar as ações? Quais boas práticas podem facilitar a sua vida enquanto gestora ou gestor de voluntariado?”. Confira uma síntese das ideias do Bruno:

 

1) Construa um alicerce de pontos positivos

Em primeiro lugar, a agenda positiva precisa persistir. A sensação de caos precisa ser administrada para que as estratégias e ideias de voluntariado não se percam. E para garantir isso, as forças da sua empresa, das pessoas envolvidas, das comunidades e das instituições parceiras necessitam ser ressaltadas. Ainda que tudo parece mal, há sempre o lado da moeda em que persistem e subsistem os pontos fortes. Portanto liste: o que há de fortaleza ao seu alcance? Dessas fortalezas, quais já existiam, e quais delas surgiram pós pandemia?

 

2) Abandone o que não serve mais

Depois disso, é muito importante refletir: o que eu devo abandonar? Sim. Porque muito provavelmente práticas e processos que se aplicavam no cenário anterior à pandemia agora tornaram-se obsoletos. (…). Ideias precisarão ser abandonadas também, como por exemplo as ações de voluntariado coletivo com grandes aglomerações de pessoas, assim como os grandes eventos de formação. (…)

A sua prioridade social, aquela que estava no objetivo do seu programa de voluntariado, persiste a mesma? E persiste, em quais condições? A temática de educação financeira, por exemplo, persiste, mas talvez você tenha que voltar mais suas ações para como empreender, acessar recursos em curto prazo movimentando redes locais e de forma mais sustentável. Outra temática que sofre em sua atenção é a do meio ambiente. Ele não se torna menos importante. Pelo contrário. Mas aqui, você precisará olhar mais para o ativismo online, no advocacy à distância através das redes e órgãos oficiais responsáveis pelo assunto, capacitações online em como lidar em caso de catástrofes naturais, etc. No caso da educação, se você contribuía com livros e contação de histórias presenciais, talvez terá que em primeiro lugar possibilitar que os alunos tenham acesso a internet e equipamentos eletrônicos para continuarem em parte suas aulas, e fazer essa interação através de um canal no Youtube ou podcast.

 

3) Forme seus voluntários para causas

Você precisa pensar também em como falar com os voluntários e formá-los para essas novas medidas, conteúdos e metodologias. Se antes havia toda a questão das agendas, dos custos de se reunir os colaboradores de diversas partes do país para planejar e aprender a como fazer voluntariado, agora temos as dificuldades da concorrência de eventos online (lives, webnars, reuniões virtuais), da pressão do trabalho a ser entregue em circunstâncias adversas de teletrabalho, e questões emocionais que interferem muito em como as pessoas se organizam sua vida pessoal, profissional e comunitária. Por isso, a causa deve vir sempre na frente e nunca a formação pela formação.

 

4) Envolva as pessoas

Os seus maiores aliados aqui são os voluntários. Chame-os para ajudar a criar soluções, propor meios de ação e engajamento. Não faça pelos voluntários mas com eles, desde o planejamento. Assim, uma retomada do programa se faz mais forte e com pontos focais bem estruturados, que, inclusive te ajudarão a defender sua iniciativa bottom up.

 

 

Samantha Jones, Diretora de Inovação e Relacionamento do V2V (Volunteer-To-Volunteer), também publicou ótimas dicas no artigo “Como promover Voluntariado Empresarial durante a quarentena” para adaptar as ações existentes ou aderir a novas causas. Vale a pena conferir a íntegra do post neste link, repleto de experiências práticas da V2V e de exemplos externos. A seguir, algumas pontuações do conteúdo da Samantha:

  • Pense com a rede, e não por ela: pratique a máxima do “pergunte o que estão precisando” e promova network.
  • Pense global, atue local (“Glocal”: a principal estratégia).
  • Estimule a participação em ações online de Mentoria e Coaching
  • Faça aquilo que o público estiver precisando na esfera das competências de seus colaboradores. Pode ser um apoio pontual, por um período curto ou longo.
  • Disponibilize o seu trabalho, o seu conhecimento em lives ou vídeos gravados com aulas sobre temas de seu domínio.
  • A sua empresa pode ainda investir em frentes, que de modo exponencial trarão soluções para durante e o pós-pandemia.
  • No cenário atual e em estados de emergência, a doação é uma modalidade de voluntariado que responde de forma imediata e efetivas às necessidades dos grupos mais vulneráveis. Uma das formas de se doar é adotando uma causa.
  • Apoie comerciantes locais com ações de compras de Vouchers e ajude a desenvolver o plano de viabilidade da promoção.

 

Portanto, alinhe as orientações com o seu negócio, com a sua afinidade e realidade e mantenha ativa as ações voluntárias, principalmente neste momento em que tantos precisam.

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